Querendo ver outros blogs meus consultar a Teia dos meus blogs

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A ascensão do jovem Manuel duque de Beja

A partir do dia 21 de Agosto de 1485, dia em que seu irmão D.Diogo, foi ao que consta apunhalado pelo próprio rei, pondo termo à conjura, que ligara a casa de Bragança e a alta nobreza portuguesa, contra o rei. A partir desse dia o jovem D.Manuel com apenas 15 anos herda a chefia da casa Viseu-Beja com o título de Duque de Beja.

Logo nessa altura ficara patente que o jovem Manuel, era o principal herdeiro do trono, depois dos filhos do monarca, referia-se o rei obviamente não só ao prìncipe D.João como também aos filhos que ainda pensava vir a gerar.

Passou-lhe o património da casa de Viseu, com excepção de Serpa e de Moura, que guardara para si, sabe-se lá porque razão, mais parecendo guardar uma comissão pelos prejuízos causados, pela casa de Viseu.

Todos os demais pertences lhe foram atribuídos, incluindo o senhorio da ilhas da Madeira, dos Açores e de Cabo Verde, tendo sido integrado no Conselho, orgão de consulta real, ainda antes da idade necessária, reflectindo a confiança que o rei depositava no jovem.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Acontecimentos em 1482

* Suspensão temporária das Teçarias de Moura

As andanças com as Terçarias de Moura, não paravam e neste ano de 1482, conheceram novos contornos. O Duque de Viseu, D.Diogo voltou para Portugal, sendo de novo substituído por seu irmão D.Manuel, que se deslocou para Moura a fim de ser entregue aos castelhanos.

Em Setembro de 1482, D.João dá poderes a Duarte Furtado para que entregasse D.Manuel aos enviados de Castela. Tal não chegou a acontecer mas aos 13 anos um representante da família mais poderosa de Portugal, preparava-se para servir de penhor como garantia ao acordos de Alcáçovas.

Entretanto enquanto o términus das Teçarias, não fosse realmente concretizado D.Manuel permaneceu 8 meses e meis em Moura à ordem de Isabel de Castela, assim ela o determinasse.

*Início da construção do forte de São Jorge da Mina

A feitoria de S.Jorge de Mina, fica no que hoje e referenciado como Ghana, no Golfo da Guiné e em 1482, D. João II, encarregou Diogo da Azambuja,um membro do Conselho do Rei e um velho combatente de Alcácer Ceguer e de outras lides, da construção de uma fortaleza, naquele lugar mais tarde baptizada de S. Jorge da Mina.

Uma fortificação onde se transaccionasse o ouro, a malagueta e mesmo escravos, ao mesmo tempo que assegurava a defesa contra outros piratas.

Construiu-se também, junto à fortaleza, uma pequena povoação, chamada Duas Partes, para além de outros dois pequenos fortes em Axém e Shamá. Nesta empresa trabalharam mais de quinhentos homens, entre militares e artífices.

Rapidamente, a Mina tornou-se o principal estabelecimento português em África, fonte do abastecimento de ouro que se tornara o motor da economia nacional até se iniciar o ciclo da Índia após 1498.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Martin Behaim chega a Lisboa



Martin Behaim, um homem de ciência, cosmógrafo, astrónomo, alemão de nascimento, chega a Portugal por volta de 1484, tendo vivido alguns anos na ilha do Faial nos Açores e em Lisboa.

Para além da temática científica, os primeiro contactos com Portugal, fazem-se pela via comercial, já que a sua família de mercadores de Nuremberga contactou com a feitoria portuguesa estabelecida em Antuérpia.

Em Lisboa integra a comunidade mercantil interessada na exploração ultramarina, travando conhecimento com navegadores, cosmógrafos e exploradores. Diz-se que nesta época privou com Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães.

Em 1483 convidado por D. João II para fazer parte de uma comissão, liderada por Abraão Zacuto, destinada a melhorar o astrolábio, na qual se diz teve papel relevante.

Já de volta ao seu País constrói o seu famoso globo,a Erdapfel (maçã do Mundo), cujo original está hoje em exibição no Germanisches Nationalmuseum, de Nuremberga, sendo uma das obras de arte mais faladas da Europa.

Martin Behaim integrou a viagem de Diogo Cão como cosmógrafo, tendo no regresso passado pela ilha açoriana do Faial, onde se tinha instalado uma numerosa colónia flamenga capitaneada por Jobst van Hürter, o fundador da cidade da Horta.

Nesse ano casa na Ermida de Santa Cruz na cidade da Horta com D. Joana de Macedo, filha do 1.º capitão-donatário, o dito van Hürter, integrando-se assim na nascente colónia faialense.

Viria a falecer em Lisboa em 29 de Julho de 1507.


quarta-feira, 25 de junho de 2008

Nota Importante

Aparentemente este blogue terá chegado ao fim, atendendo à post anterior relatando a morte do Rei D.João II.

Contudo, nada disso acontecerá, pois como digo no sublinhado ao título deste blogue, aqui tem cabimento todos os facto ocorridos no espaço histórico-cultural, próximo de Portugal, no tempo em que decorreu o seu reinado.

Recomenda-se que para um melhor enquadramento dos factos se sigam as etiquetas laterais, onde os acontecimento se encontram organizados em ordem cronológica

A morte de D.João II no Alvor

Ainda em Évora em 1490, após o casamento do filho, tinha D.João II, sofrido os primeiro sintomas da estranha enfermidade que o havia de matar. Em 1495 já não sofria apenas de mal estar e desmaios, também o seu aspecto outrora belo se havia começado a alterar devido a um inchaço.

Os seus últimos anos de vida foram, de imensa actividade em permanente mudança pelo País, um pouco como procura e qualquer lado, a receita que pudesse minimizar os seus padecimentos.

A rainha D. Leonor também adoecera gravemente, aumentando a aflição do Rei, que se nunca se recompusera do falecimento do infante, julgava agora também vir a perder a mulher.

Acabou arainha por salvar-se e o rei, que nunca deixara abrandar a sua actividade, encontrava-se com a corte em Évora mo verão de 1495 quando uma inoportuna peste assola a cidade, obrigando a corte a retirar-se para Alcáçovas.

O mal que padecia estava avançando, de tal forma que a s mãos de tanto incharem, já mal lhe permitiam segurar uma pena para escrever de tal forma que manadara fazer uma chancela em ouro para as assinaturas.

Infrutíferas continuavam a ser as tentativas de D.João II, junto de D.Leonor, para que autorizasse a legitimação do filho Jorge, bastardo de D.João.

Tinham tido notícias de algumas maravilhas curativas que com as águas de Monchique se obtinham, que o levaram a decidir partir para o Algarve . Com o franciscano João da Póvoa se confessou e com ele redigiu o seu testamento, optando por não afrontar a Rainha e não nomear seu filho Jorge herdeiro do trono, optando por nomear D. Manuel , duque de Beja e seu cunhado.

Também cuidou em Alcaçovas antes de partir, de deixar nomeado Vasco da Gama, como capitão da frota que deveria ir à Índia.

Em Monchique porém as águas fizeram-lhe ainda pior, retirando para o Alvor, onde viria a morrer, em casa de D.Álvaro de Ataide, mas foi o próprio rei que desenganado pelos médicos, sobre as suas hipóteses de salvação, organizou o próprio cenário da sua morte, ordenou a sua extrema unção, e faleceu no dia 25 de Outubro de 1495, apenas com 40 anos, não sem antes pedir aos que o rodeavam que não o agoniassem com o seus prantos.

Isabel a Católica, quando recebeu a notícia, terá exclamado. "morreu o Homem", passou na História de Portugal a ser conhecido pelo Príncipe Perfeito.

*****

Recomendo a leitura dum post, publicado no blogue Escavar em ruínas, muito interessante sobre a eventualidade da morte por envenenamento de D.João II



terça-feira, 27 de maio de 2008

O Tratado de Tordesilhas(1494)


Todos os indícios apontam para a conclusão que, o anúncio feito por Colombo de que atingira a Índia, ao aportar em Guanahami, Cuba e Haiti, não colhera cabimento junto da corte portuguesa, que já estava informada da existência de um novo continente e que o navegador Colombo se equivocara.

Ao passar por Lisboa no seu regresso dessa viagem, Colombo, trouxera alguns indígenas da América, que foram apelidados de Índios, exactamente por considerar ter conseguido esse objectivo, e foi por essa razão que os habitantes desse continente continuaram a ser conhecidos por esse nome.

D.João II já sabia que os selvagens que lhe foram apresentados, não poderia corresponder ás informação que já possuía que a civilização que existia no Indostão era evoluída não condizente com o aspecto dos indígenas que lhe eram apresentados.

D.João II fizera apenas a menção que acreditara nisso, para poder ganhar algum tempo, no sentido de assegurar que os indícios recolhidos pela navegação pela Rota do Cabo, se concretizassem na chegada à Índia.

Os acordos e as bulas papais em vigência desde o tratado de Alcaçovas em 1479, tinham imposto uma demarcação dos direitos sobre os novos territórios descobertos. Como pelos vistos o conhecimento na corte espanhola, sobre cartografia, eram bastante inferiores à dos portugueses, levou a que a corte espanhola, desde logo, quisesse tomar posse do novo território. De uma forma táctica D.João veio a terreno reclamando os seus direito sobre aquele território, com intuito óbvio de forçar um novo acordo, que garantisse as suas pretensões e que decididamente não tinham a ver com a América.

Foi então traçado um novo mapa que entre as resoluções então tomadas, a mais célebre e mais importante foi a da delimitação, através de um meridiano traçado a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, das zonas de influência dos países ibéricos, cabendo a Portugal o hemisfério oriental e, a Espanha, o ocidental. Garantia-se aos navegadores espanhóis o direito de passagem para oeste e definia-se a repartição dos territórios que viessem a ser atingidos por Colombo, que então realizava a sua segunda viagem. Ambos os reinos se comprometiam a não recorrer ao papa com o intuito de alterar estas disposições, o que, a par da salvaguarda da rota do cabo, constituiu uma vitória para a diplomacia portuguesa.

A longo prazo, no entanto, acabou por garantir a Portugal a posse do Brasil, cabendo a Espanha a maior parte do continente americano.

Tratado assinado, em 7 de Julho de 1494, entre representantes da Coroa portuguesa e da Coroa espanhola em Tordesilhas (perto de Valladolid), e ratificado pelos respectivos reis D. Fernando e D. Isabel de Castela e D. João II de Portugal.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O bárbaro tratamento aos judeus(1492)

Na sequência do édito de expulsão dos judeus a 31 de Março de 1492, através do qual foram expulsos de Castela todos os judeus não baptizados, concedendo-lhes um prazo de 4 meses para regularização da sua situação.

Hipocritamente permitiam-lhes dispor dos bens, por venda ou doação, admitindo mesmo que pudessem leva-los desde que transportáveis, bem entendido, desde que não se tratasse de ouro prata ou moeda, que seriam trocados por letras de câmbio, ou mercadorias cuja exportação não fosse proibida.

O não cumprimento desta Lei equivaleria à pena de morte e ao confisco de todos os bens.

Tudo foi vendido ao desbarato e o êxodo foi enorme e demasiado trágico. Alguns seguiram para Itália em pequenos barcos atacados por uma epidemia ou pela pirataria, pereceram quase todos. Melhor sorte não tiveram os que optaram por Marrocos ainda com requintes de maior malvadez, ou pela Grécia e Turquia.

Negociaram com D.João II a vinda para Portugal, que espreitou ali a oportunidade dum bom negócio, sem qualquer tipo de sentimento humanitário, diga-se, mas que realmente também não era o paradigma da sociedade daquela época.

D.João II permitiu a entrada dos judeus, lançando um imposto de 8 cruzados por cabeça, a pagar em 4 prestações suaves, isentando somente as crianças de colo.

Os técnico, diga-se os oficiais mecânicos (latoeiros,armeiros, etc), pagavam apenas metade.

Este período de permanência, foi proposto por 8 meses, findo o qual Portugal se comprometia a promover o transporte para o País que quisessem, à custa de quem estivesse interessado, claro.

Este período foi para mim, um dos mais violentos e cruéis da nossa História, para além da avultada quantia que a coroa arrecadou com esta operação.

Naturalmente que, como nem todos os judeus podiam pagar, tentaram entrar clandestinamente no País. Quando encontrados a população fanatizada, espancavam.nos brutalmente, muitas vezes até á morte.

Mas o mais vergonhoso foi quando o rei faltando à sua palavra, em vez de conduzir os judeus ao país de sua preferência, os atirou em massa para Marrocos onde se sabia a sorte que os esperava, depois de roubados os bens e violadas as mulheres e crianças.

Pior ainda, o destino que D.João II deu aos filhos menores dos judeus, enviado-os para a ilha de São Tomé, depois de baptizados e "apartados das suas famílias fossem bons cristãos" e em crescendo pudessem povoar a ilha.

Os que não tinham dinheiro para abandonar o País, foi fácil a solução, foram vendidos ou oferecidos como escravos.


  • Junho-Abraão Zacuto vem para Portugal

Sábio judeu, grande astrónomo.

Nasceu em Salamanca em 1450, aproximadamente, e faleceu em 1510.

Foi catedrático de astronomia na Universidade da sua terra natal, e mais tarde na de Saragoça o em Cartagena. Quando os judeus foram expulsos do Espanha veio para Portugal, onde teve grande valimento junto de D. João II e principalmente de D. Manuel, de quem foi cronista e astronomo.

Atribui-se à sua influência para com el-rei D. Manuel, a carta de alforria que este monarca no princípio do seu reinado, concedeu aos judeus.

Auxiliou com os seus conselhos a expedição de Vasco da Gama, e inventou alguns instrumentos náuticos. Quando se deu a expulsão dos judeus em Portugal, procurou segurança em Tunis, mas viu-se reais tarde obrigado a fugir para a Turquia, onde morreu.


Escreveu o Bi'ur Luhot que foi traduzido pelo seu discípulo José Vizinho com o nome do Almanach perpetuum. A sua obra mais importante, intitulada: Sepher Juchasin (Livro das linhagens), foi pela primeira vez impressa em Constantinopla, no ano de 1566, e nela se encontram curiosas notícias a respeito da história religiosa da nação dos israelitas e a respeito dos rabinos que viveram até 1500 e dos violentos ataques contra o cristianismo.

Transcrito por Manuel Amaral
Créditos ;Génios inesquecíveis


domingo, 27 de abril de 2008

D.Jorge de Lencastre(1492)

Já foi referido anteriormente as consequências da morte do infante D.Afonso, nos planos reais da sucessão ao trono.

D.João II e sua mulher D.Leonor para além dum filho morto à nascença, apenas haviam gerado o príncipe D.Afonso, não havendo portanto outro descendente, que se perfile na linha de sucessão.

O rei havia antes de casar, da sua relação com D.Ana Furtado de Mendonça, tido um filho D.Jorge de Lencastre, nascido em Abrantes em Agosto de 1481,e mais tarde em 1485, uma filha bastarda de nome Brites Anes.

Naturalmente que o rei pretendeu desde logo "promover" D.Jorge à condição de
herdeiro, até porque D.Jorge já residia junto da corte, onde, como diziam os cronistas Foi tão bem aceite de todos, que até a Rainha D. Leonor, esquecidas antigas afrontas, não só recebeu afectuosamente o bastardo do marido, como quis agasalha-lo em sua casa para acabar de o criar.”

A morte do príncipe D. Afonso, veio alterar porém esta situação, tendo D. Jorge saído da Corte, até 12 de Abril de 1492 quando foi nomeado “governador e perpétuo administrador” das Ordens de Santiago e Avis, pois D. João II mandou retirar o filho da corte para não fazer sofrer a rainha, disse, justificando-se.

A verdadeira justificação desta aparente mudança de atitude, deveu-se ao feitio desconfiado, mas também cauteloso de D.João II, temendo que algo pudesse acontecer a ambos, resolveu afasta-lo da corte confiando-o à guarda do conde de Abrantes.

Decisão precipitada por certo, pois D.Leonor ter-se-á sentido ofendida com a mudança, passando a antagonizar as tentativas que D.João fez para legalizar esse seu filho, junto da Santa Sé.

O certo é que nunca o conseguiu ao mesmo tempo que se consolidava a candidatura à sucessão no trono, do irmão da Rainha o Duque de Beja, D.Manuel, que passou a contar com o apoio incondicional da sua irmã.


domingo, 13 de abril de 2008

Início da construção do Hospital de Todos os Santos(1492)

Na manhã do dia 15 de Maio de 1492 foi lançada a primeira pedra da construção do Hospital Real de Todos os Santo, com a presença do rei D. João II

A direcção da obra, ficou a cargo do mestre arquitecto Diogo Boitaca, embora o projectista tenha sido o seu sogro Mateus Fernandes, principal responsável pela construção do mosteiro da Batalha.

A criação deste hospital foi o resultado da concentração de vários hospitais pequenos, que por terem também nomes de santos acabou este por ser denominado de Todos os Santos, mas como també foi construído com o apoio do Rei D. João II era também denominado de Hospital Real, mas ficou realmente conhecido na altura por Hospital dos Pobres, numa cidade de Lisboa que tinha nessa altura cerca de 60 mil habitantes.

O novo hospital, iria ser um Hospital do Renascimento semelhante a outros que estavam a surgirna Europa. Embora a importância do componente religioso continuasse presente – o altar da igreja estava situado no cruzeiro das três principais enfermarias para que os doentes acamados pudessem assistir aos ofícios

O Hospital de Todos os Santos, praticamente destruído, embora não totalmente quando do terramoto de 1755.

Ocupava toda a actual área da praça D. João I (Praça da Figueira), tendo por limites o Convento de S. Domingos a norte, a rua da Betesga a sul, rua do Borratém a nascente e a praça do Rossio a poente. Possivelmente no dia 1 de Novembro de 1755 o Hospital de Todos os Santos não estaria a funcionar em pleno, em virtude de um outro grande incêndio ocorrido em Agosto de 1750, que lhe destruiu 11 enfermarias e quase todas as áreas adjacentes.

O novo Hospital de Todos-os-Santos, que ficará no parque da Bela Vista e substituirá os hospitais S. José, Santa Marta, Capuchos, Desterro e Estefânia, em Lisboa, terá 789 camas, todas em quartos individuais. O concurso será lançado no início de 2008

Créditos: Heródoto



sexta-feira, 4 de abril de 2008

A morte do príncipe D.Afonso(1491)

Os festejos do casamento do príncipe herdeiro D.Afonso, como já disse foram muito prolongados. A viagem da família real de Évora para Santarém, foi muito divertida, em pequenas jornadas, com demoras aqui e além, instalando-se em pleno campo em tendas simples, para caçarem e apreciarem a vida campestre.

Chegados a Samtarém, os festejos duraram 27 dias, com animados serões e touradas.
O futuro era risonho, antevendo o desenho dos projecto de chegada à Índia, ou a os projectos para que seu filho num futuro próximo, viesse a ocupar os tronos de Castelo e Portugal, concretizando a desejada União ibérica sob a hegemonia portuguesa.

Akgo de funesto aconteceu porém no dia 11 de Julho de 1492. Cavalgando junto dum moço fidalgo seu amigo, D.João de Meneses já ao anoitecer, o cavalo tropeçou num buraco arrastando na queda o jovem infante.

As preces que D.João II mandou rezar por todo o Reino e os esforços dos físicos, não conseguiram as melhoras de D.Afonso, que viria a falecer no dia 12 de Julho de 1491.

Grande consternação foi enorme por todo o reino, maior ainda pelo contraste dos meses de felicidade trazidos pelos festejo do casamento realizado há menos de 2 anos de tal modo que nem a duquesa de Bragança, viúva do degolado duque D.Fernando, apareceu pela primeira vez no paço, após a morte do marido, pondo de parte todos os ressentimentos.

As exéquias decorreram no mosteiro da Batalha, com o espectáculo de dor habitual nas épocas medievais, homens que arrancavam as barbas até ficarem com o rosto em sangue, cabeças que batiam contra o cadafalso ou mulheres arranhando desesperadamente a face.

Os Reis católicos, pais da jovem viúva Isabel lhe perguntaram se queria regressara a Castela, foi grande o alívio da família real portuguesa, o assentimento da jovem viúva, pela recordação que a sua presença lhe fazia sentir, as saudades do seu filho.

D.João II acompanhou a viuvinha até à fronteira, separando-se com muitas lágrimas e poucas palavras. Pensando toda a gente que D.Isabel não voltaria mais a este reino, mas as voltas do destino farão que regresse um dia mais tarde não como princesa mas já como Rainha de Portugal.


  • Os novos pretendentes ao Trono
Com a morte do infante D.Afonso a sucessão ao trono, ficaria com lista de pretendentes bem reduzida, já bastante dizimada após o banimento dos duques de Bragança da linha de descendência.

Os sucessores que restavam eram D.Jorge filho bastardo de D.João II duma sua ligação com D. Ana de Mendonça, filha de D. Nuno de Mendonça, aposentador‑mor de D. Afonso V, e que foi dama da princesa D. Joana, a Beltraneja.

O outro era D.Manuel duque de Beja e irmão da Rainha neto de D.Duarte e filho do infante D. Fernando.

D.João II passou a inclinar-se para a hipótese do seu filho bastardo, que desagradava frontalmente a D.Leonor, mas que não impediu que o Rei tenha concedido a D.Jorge os mestrados de Santiago e de Avis e dando-lhe o ducado de Coimbra e o senhorio de Montemor-o-Velho



quinta-feira, 27 de março de 2008

Acontecimentos no ano 1490


  • O casamento do príncipe herdeiro
Ficara escrito no tratado de anulação das terçarias de Moura, que aos 14 anos, o príncipe herdeiro D.Afonso casaria com a infanta Joana, filha segunda dos Reis Católicos, mas se a sua irmã mais velha, herdeira dos reinos de Castela, Aragão e parte de Navarra, ainda se encontrasse solteira nessa altura, então o matrimónio do príncipe Afonso, efectuar-se-ia de preferência com ela e foi mesmo isso que aconteceu.

Estava implícito neste acordo o plano da união ibérica, pelo que alguns boatos sobre a possível aproximação, para efeitos de casamento com a infanta Isabel a mais velha e herdeira, com as casas de França e de Nápoles, não passavam disso mesmo, pois nada mais poderia agradar à coroa de Castela que o casamento da sua herdeira com o infante de Portugal.

Em Janeiro de 1490, foram convocadas cortes, reunindo-se em Évora no mês de Março, que aprovaram o enlace e estabeleceram uma contribuição de 100.000 cruzados, para cobrir as despesas com as solenidades.

Os esponsais celebraram-se em Sevilha, num domingo depois da Páscoa, debaixo de grandes festejos. Desde essa data o príncipe Afonso e a infanta Isabel estavam casados por procuração.

A reunião dos noivos, viria a realizar-se já perto do fim desse ano, depois de grandes preparativos, minuciosamente dirigidos pelo próprio Rei. Tudo preparado com grande fausto, conforme descrito por Garcia de Resende.

A princesa Isabel chegou a Elvas no dia 19 de Novembro, onde já se encontrava D.Manuel, duque de Beja, (longe estavam todos de saber as voltas do destino), para a receber junto à fronteira e conduzi-la a Évora onde o casamento se iria realizar, cujos festejos duraram vários dias.

Os estrangeiros presentes, que confessaram nunca ter visto melhor e as pessoas que assistiram aos eventos, foram unânimes em considerar este casamento como a coisa mais bela que alguma vez se realizou em Portugal.


  • Maio,12-Morte da infanta Joana, filha de D.Afonso VI e irmã de D.João II
Nasceu em Lisboa em Fevereiro de 1452. Foi a primeira princesa de Portugal a receber o título de princesa herdeira do reino, por ter sido filha primogénita, antes do nascimento de D.João.

Joana foi regente do reino em 1471, por altura da expedição de D. Afonso V a Tânger.

Dotada de grande beleza foi pretendida por vários príncipes europeus. Revelou desde muito tenra idade uma grande vocação religiosa preferindo ser freira, primeiro recolheu-se no mosteiro de Odivelas e mais tarde no Convento de Jesus de Aveiro. Esta última decisão foi contestada tanto pelo rei como pelo povo, dado que o Convento de Jesus era muito pobre e, na opinião geral, indigno de uma princesa

Por imposição do rei e dos teólogos da corte, nunca lhe foi permitido professar, mas mesmo assim não abandonou o mosteiro, ficando a usar o véu de noviça. Viveu na humildade e na pobreza aplicando as suas rendas no socorro dos pobres.

A sua caridade era tão grande que foi apelidada como santa. Santa Joana Princesa como ficou conhecida

Mas a bela princesa adoeceu de peste e morreu em grande sofrimento. Quando o seu enterro passou pelos jardins do convento deu-se um facto insólito: as flores que ela havia tratado em vida caiam sobre o seu caixão prestando-lhe uma última homenagem.

Após este primeiro milagre, muitos outros foram atribuídos a Santa Joana Princesa, levando a que, duzentos anos depois, o Papa Inocêncio XII concedesse a beatificação a esta infanta de Portugal.





.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Acontecimentos no ano de 1489


  • O malogro da Graciosa em Marrocos

Desde o tempo de seu pai, que as 4 praças em Marrocos, estavam reconhecidas desde 1471 por Mulei Xeque, senhor de Arzila, quando assentou pazes com D.Afonso V reconhecendo a posse das quatro praças do norte de Marrocos e seus termos. D. Afonso V acrescentou ao seu título o de "
rei do Algarve dalém mar em África".

Desde a conquista de Ceuta em 1415 que África era um campo de exercício militar, local para onde se mandavam os criminosos em vez de esticarem na forca, mas também os filhos segundos das casas nobres do Reino.

Também convinha a D.João II achar-se na posse dos principais pontos estratégico de modo a impedir pirataria na costa marroquina que assaltavam a nossa navegação vinda da Guiné e até forçando ataques às populações no litoral do Algarve .

A decisão à muito estava planeada, até a respectiva bula papal desde 1486 porém só em 1489, concretamente em Fevereiro que parte uma armada capitaneada por Gaspar Jusarte, para construir uma fortaleza, previamente baptizada de Graciosa, na foz do rio Lucos que banha Larache.

Situada a norte de Arzila era claramente uma ameaça a Alcácer Quibir e a Fez.
Já por si esta iniciativa, era uma clara confrontação com as tréguas acima referidas assinadas em 1471 e que previam a paz pelo menos um prazo de 20 anos, mas não era um caso isolado já que inúmeras refregas tinham acontecido nos anos de anteriores.

Não era portanto a melhor ocasião para o estabelecimento dessa fortaleza e esse também foi o entendimento dos marroquinos que entraram em confronto com as tropas portuguesas que intentavam construir a dita fortaleza.

Chegaram a partir do Algarve reforços em cerca de 20 unidades entre caravelas e outros navios, não chegando contudo a contenda a definir-se para nenhum dos lados, muito embora as baixas fossem bem pesadas, porque o clima local era verdadeiramente doentio.

Mulei Xeque tomou a iniciativa de propor uma paz aos portugueses, que foram posteriormente aceites por D.João II em 27 de Agosto desse mesmo ano

De novo as aventuras de conquista em África, não foram bem sucedidas.

  • O Tratado de Confissom é editado em Chaves e considera-se o mais antigo livro cristão publicado em Portugal
Realmente já 2 anos antes e 30 após o invento de Gutenberg, um judeu de Faro de nome D.Samuel Porteiro, publicara uma edição das escrituras sagradas mas em hebraico o Pentateuco, os 5 livros livros que constituem a Torá.
  • O arquipélago de Cabo Verde é doado por D.João II ao infante D.Manuel, duque de Beja e futuro D.Manuel I.


segunda-feira, 10 de março de 2008

Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã em demanda de Preste João

Nem só a viagem marítima da descoberta, era o objectivo nacional. As viagens e a aventura era o meio para atingir outros fins uma deles a Índia, outro a exploração dessas novas terras de gente negra chamada África.

Nessa África enorme, havia o aliciante de descobrir o Reino do Preste João, cujas primeiras notícias chegaram à Europa em 1145, quando Hugo de Gebel, Bispo de uma colónia cristã no Líbano, informou o Papa da existência de um reino cristão situado "para lá da Pérsia e da Arménia", governado por um rei-sacerdote, que seria descendente de um dos Reis Magos.

Foi esse desafio que D.João II iniciou, quando convocou Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva,para encontrar esse Reino africano cristão.

Munidos das melhores cartas Mapa Mundi, que na época se podiam desenhar servindo-lhes de guia, cartas e crédito e várias oferendas, se fizerem à vida, no que seriam fundamentalmente um trabalho de exploração e de cautelosa espionagem, pelo que partiram discretamente de Santarém a 8 de Maio de 1487.

Entraram em África por Alexandria já disfarçados de mercadores, numa aventura também perigosa mas que no imediato e durante muitos anos não se soube nada desses dois espiões, em Portugal.


quarta-feira, 5 de março de 2008

Bartolomeu Dias dobra o cabo das Tormentas


Em Agosto de 1487 a coroa portuguesa retoma o curso do seu "investimento " pelo seguro, continuando a dar passos do tamanho da perna, não embarcando na aventura de Colombo, baseada também nos conhecimentos científicos adquiridos, nem em qualquer outra aventura menos seguro, como a que Fernando de Ulmo um colono flamengo dos Açores propusera a D.João II, descobrir terras para Ocidente, que o rei autorizou, mas sem dispêndio para a coroa, a expensas do próprio, razão porque não chegou a efectuar-se por falta de fundos.

Como disse em Agosto partiu então uma pequena frota comandada por Bartolomeu Dias, não para hipotéticas terras para Oeste, mas para grandes certezas a Oriente, com o objectivo bem definido de atingir a Índia.

Duas caravelas e um navio de abastecimentos, com Pêro de Alenquer como piloto, Diogo Dias irmão de Bartolomeu ao comando da naveta de abastecimentos e João Infante a comandar a segunda caravela.


A rota começou naturalmente por tocar nos pontos já conhecidos quer os referidos nas experiências de Diogo Cão e na ilha de São Tomé já anteriormente descoberta.


A viagem continuou para Sul, mas ventos fortes obrigam-nos a abandonar a rota costeira e a navegar de largo, terão navegado cerca de 300 léguas, com temporal até que voltaram a fundear numa enseada, onde voltaram a ver negros de cor parda e minguada estatura que pastoreavam rebanhos. (o rigor das anotações de Bartolomeu Dias permitiram um descrição perfeita dos acontecimentos).

Navegaram mais uns dias mas a costa que tinham como referência mudara de orientação, acompanhando a sua navegação para Nordeste.

Pressionado pela tripulação e pelo conselho de oficiais, foi contudo Bartolomeu Dias forçado a voltar para trás e só então visionaram o promontório de aspecto medonho, onde termina a África e que já haviam dobrado na primeira passagem, sem disso terem dado conta.

Cabo das Tormentas chamou-lhe Bartolomeu Dias e da Boa Esperança chamou-lhe o Rei, com a certeza que não haviam chegado à Índia, mas estavam no caminho dela.

Bartolomeu Dias regressou então a Portugal,em Dezembro de 1488,(a viagem havia durado 16 meses e meio) com a maior descrição. D.João II não o galardoou, nem houve na corte qualquer manifestação de regozijo que se reflectisse nas crónicas da época.

Ficou por esclarecer a impassibilidade de D.João II, perante a maior proeza náutica daqueles tempos, que abria o caminho da Índia

Também gostei deste post publicado no Funes

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Colombo procura apoio na corte portuguesa


Cristóvão Colombo "ao que parece" genovês de origem, apresentou-se a D.João II com uma proposta tentadora, pedindo-lhe que o financiasse com 3 caravelas abastecidas para um ano de viagem, num empreendimento que, navegando para Ocidente encontraria terras da Índia.

Esse projecto que Colombo tinha como inovador, já não era novo na corte portuguesa.

Pelo menos desde o tempo em vida do avô de D.João II, D.Pedro numa longa viajem pela Europa , havia tomado conhecimento com as teorias de Pozzo Toscanelli, grande cosmógrafo da Universidade de Pádua que já defendia a teoria da esfericidade da Terra, com
a mesma conclusão que Colombo agora apresentava.

Colombo pretendia que uma vez alcançado o seu objectivo, o rei lhe concedesse o governo de todas as terras conquistadas e o recebimento da respectiva dízima, além da sua elevação à nobreza e o título hereditário de Almirante do Mar Oceano.


Além das exigências referidas, bem ambiciosas e desmesuradas, também segundo alguns autores, o feitio aventureiro de Colombo expresso em vários incidentes que precediam a sua fama, justificaram a não aceitação da sua candidatura .


Contudo D.João não o despediu de imediato, remeteu-o para os cientistas do Reino, muito mais conhecedores das teorias de Toscanelli e de outros grandes cosmógrafos, que o próprio Colombo, que também em definitivo recusaram a sua proposta.

Tanto que, para Portugal a aproximação a terras da Índia, seria muito mais lógico e certo, fazê-lo contornando a África, como viria a acontecer mais tarde.


Na realidade o que ninguém sabia nem Colombo nem a ciência portuguesa é que navegando para Oeste entre Portugal e a Índia, existia um outro continente, a futura América.


A recusa da coroa portuguesa em apoiar as pretensões de Colombo, levou-o a procurar Castela, onde Isabel a Rainha se convenceu, como se verá a apoiar essa iniciativa como se verá.

Nota: A frase "ao que parece",entre aspas, que coloquei no início desta entrada, prende-se com o facto da nacionalidade e a naturalidade de Colombo ser polémica. Para alguns seria português, natural de Cuba, no Alentejo ou na ilha da Madeira, estando por provar todas elas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A 2ª viagem de Diogo Cão(1485)

Diogo Cão voltou a partir no início de 1485, com o plano de eventualmente ir até ao Índico, recolhendo de caminho os portugueses que havia deixado no Zaire (ver relato da 1ª viagem) e repatriaria os quatros pretos que havia trazido, com todas as honras e luxos, prometendo voltar no regresso.

Prosseguiu ao longo da costa de África para Sul, até ao Cabo da Cruz na que é hoje a Namíbia e onde Diogo Cão plantou o segundo e último dos padrões que havia levado de Lisboa. Padrão esse descoberto 400 anos depois quase intacto, com a seguinte inscrição "Cabo da Cruz. Na era da criação do mundo de 6685 e de Cristo de 1485 o excelente e esclarecido Rei Dom João II de Portugal mandou descobrir esta terra e colocar este padrão por Diogo Cão, cavaleiro de sua casa".

No regresso como prometido Diogo Cão volta a parar no Congo, navegam no rio Zaire, subindo o curso do rio até as cataratas do Yelala, atingindo o extremo navegável do rio. Por outro, a penetração terrestre em direcção a Mbanza Kongo, que mais tarde seria rebaptizada de São Salvador.

Voltando a descer o rio, visita o Rei do Congo, que foi um êxito enorme, pela forma como tinham sido tratados os negros que tinham estado em Portugal e a descrição que fizeram do reino de Portugal.

Na volta a Portugal, foi a vez do Mani Congo mandar sua embaixada a D. João II. Junto dos presentes, pedia "que lhe mandassem logo frades e clérigos e todas as coisas necessárias para ele e os de seus reinos recebessem a água do baptismo", solicitando igualmente o envio de pedreiros, carpinteiros e lavradores que ensinassem em seus reinos a tratar da terra, mulheres para ensinarem a amassar pão, "porque levaria muito contentamento por amor dele que as coisas do seu reino se parecessem com Portugal".

Com Diogo Cão de regresso a Portugal o Mani Congo, regressou Caçuta, um dos pretos que originariamente visitaram Portugal e que foi por certo o primeiro embaixador do Congo em Portugal. Trazia a indicação de que se deveria baptizar, o que aconteceu recebendo o nome cristão de João Silva.

Caçuta foi recebido com todas as honras, mas de Diogo Cão nunca mais se ouviu falar, os cronistas fazem dele um silêncio sepulcral. Terá caído em desgraça junto de D.João II ? Terá morrido na viagem de regresso ? Nunca se soube ao certo o que teria acontecido

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Embaixada ao Papa(1485)

D.João II enviou a Roma uma importante embaixada, com a missão de assegurar ao novo papa Inocêncio VIII, a obediência do reino, tendo como embaixadores o mordomo-mor D.Pedro de Noronha e o grande orador Vasco Fernandes de Lucena, secretariado pelo cronista Rui de Pina.

O nosso rei também perseguia outro objectivo importante. Um vez liquidada internamente a oposição da nobreza em Portugal, continuavam a existir alguns atritos com outra classe não menos importante, o clero.

A impressão geral que existia no Vaticano, sobre Portugal no tempo do anterior papa Xisto IV, não era a melhor, minada pelo cardeal da Alpedrinha, D. Jorge da Costa (assim conhecido por ser natural daquela localidade) e que vivia em Roma, atendendo à incompatibilidade com D.João II, ao mesmo tempo que minava a opinião sobre o rei de Portugal, junto do Vaticano.

Esta embaixada também pretendia repor a boa imagem do País, aproveitando a nomeação dum novo Papa.

Xisto IV chegara a acusar D.João II de "usurpar a liberdade religiosa e os direitos da igreja, como de tentar extingui-la inteiramente por meio de constituições novas e insólitas". Um rei extremamente devoto, foi o primeiro monarca português que teve capela no paço, onde todos os dias ouvia missa e rezava no seu oratório particular.

O primeiro passo da embaixada foi a reconciliação com o influente Alpedrinha (quanto terá custado à coroa ? ), que dada a sua influência, agora ao serviço de D.João II, veio a conseguir alcançar os objectivos em pleno.

Nesse mesmo ano, Inocêncio VIII, concede a bula da cruzada, importantíssima para a época, que consistia que para a "empresa de África", para todos os seus participantes eram concedidas indulgências e remissões dos pecados. além doutras decisões de ordem financeira, que envolvia as comunidades religiosas e outras decisões aparentemente, de menor importância vistas a olhos de hoje, mas importantíssimas na época, como a autorização para se reunirem num só todos os hospitais existentes em Lisboa, que deu origem ao Hospital de Todos os Santos, que viria a desaparecer com o terramoto de 1755.


domingo, 3 de fevereiro de 2008

A conspiração não morreu

A execução do duque de Bragança. não pôs termo à conjura que continuava a minar grande parte da corte de D.João II, muita da nobreza habituada aos favores de D.Afonso V, não aceitava as alterações impostas por D.João II.

Muitos dos contornos dessa conjura era do conhecimento do Rei. D.João II sabia que o seu cunhado o duque de Viseu, irmão da Rainha D.Leonor, estava comprometido na conspiração chefiada pelo duque de Bragança, muito embora no decorrer do processo levantado a D.Fernando tenha deixado o seu nome de fora.

Logo no dia seguinte à execução do Bragança. tentou falar com ele, no aposentos da irmã, chamando-o à razão pensando que processo e a execução deste, pudesse ser suficiente para o fazer arrepiar caminho.

Propôs-lhe, com o seu perdão a atitude de arrependimento para com os actos de insubordinação que já havia demonstrado, desde os seus tempo passado na corte de Castela, em que colaborara para a intriga contra o seu Rei.

Quanto aos outros membros da conspiração, o exaltado marquês de Montemor, refugiado em Castela e clamando pela ajuda dos Reis Católicos, para uma acção armada contra Portugal, ideia que nunca foi bem acolhida por aqueles monarcas, acabou julgado à revelia e condenado também à morte, tendo a sua efigie um boneco de pano, sido decapitado.

O certo é que, embora não se sabendo exactamente os motivos, o marquês de Montemor, pouco tempo depois quando se encontrava em Sevilha, acabou por morrer, sabe-se lá se por força dum veneno ministrado à socapa.

O seu irmão o conde de Faro, morria igualmente pouco tempo depois lá por terras da Andaluzia.

Mas os tentáculos da rede eram bem grandes e continuavam mesmo internamente a conspirar. D.Garcia de Menezes, o bispo de Évora, mais o seu irmão Fernando, Fernão da Silveira (Alvito), os Atouguias, Álvaro e Pedro, o conde de Penamacor, destacavam-se entre muitos outros.

Mais uma vez, a teia de amigos do rei, por via duma jovem amante do bispo de Évora, consegue saber da intriga que urdiam, que consistia em matar o rei D.João e o jovem príncipe herdeiro D. Afonso e conduzir ao trono o parente mais próximo de D.João, exactamente o duque de Viseu.

Mais uma vez D.João II estava na posse de toda a informação, sobre a conjura para o liquidar. Eram pessoas que frequentavam a corte e com ele se cruzavam todos os dias, mas nem sonhavam, estar o rei de posse desse segredo.

Várias tentativas de assassinato do Rei, foram tornadas infrutíferas, até que a situação acabou por se inverter e muito embora vários cronistas tenham dos pormenores informações diferentes no essencial, coincidem D.Diogo o duque de Viseu morreu apunhalado pelo próprio rei no dia 21 de Agosto de 1484 em Setúbal.

Quase todos os implicados, foram mortos alguns por "terrível acidente" com comida estragada, como no caso do bispo de Évora, ou por imprecaução e tropeção nalgum punhal mal acondicionado como D.Guterre Coutinho.

O irmão do bispo Fernando de Menezes foi executado na praça de Setúbal e dos que fugiram apenas o conde de Penamacor, ao refugiar-se em Inglaterra e posteriormente em Roma onde viria a falecer de morte natural, desta vez não foi prenunciada a palavra veneno.

Outra sorte teve o riquíssimo judeu também implicado Isac Abravanel que muito embora julgado e condenado à morte, conseguiu fugir, sabe-se lá porquê para Veneza.

Outros acontecimentos em Portugal
  • Expedição de João Afonso Aveiro ao Benin
Algumas dúvidas subsistem em torno desta figura, nomeadamente pelo facto de ao tempo, diversos homónimos coexistirem, com relevo para o poeta do Cancioneiro Geral e para o destemido homem do mar, consagrado pelas viagens ao Golfo da Guiné e mais para sul.

Sobre este, discutindo-se ainda se "Aveiro" indicaria naturalidade ou nome, não há dúvida da excelência do seu contributo nos Descobrimentos, salientado pelas crónicas do tempo que indicam que, por ele, em 1484, "foi primeiramente descoberta a terra do Benim além da Mina, nos rios dos Escravos", indicando-se que foi ele quem trouxe a primeira pimenta da Guiné.

Destas descobertas e outras realizadas pelo navegador advieram enormes vantagens comerciais e políticas que o rei rapidamente aproveitou, sobretudo na Flandres e no Vaticano, passando-se a um capítulo de evangelização sem precedentes nas Terras descobertas e a um negócio sistemático, pelas boas relações conseguidas. Sabe-se que João Afonso de Aveiro ali fez várias viagens.


(retirado de Serviços de Documentação da Universidade de Aveiro)
Hospital Termal das Caldas da Rainha é o mais antigo do mundo, contando já com cinco séculos de existência.

Em 1484, a Rainha D. Leonor, esposa de D.João II, ia em direcção à Batalha e, ao passar pelo sítio onde se viria a erguer as Caldas, viu alguns pobres metidos em "prezas daquelas águas cálidas que saíam da fonte fumegando".

Perante a sua curiosidade foi-lhe respondido que eram doentes de "frialdades", e que naquelas águas encontravam remédio para os seus padecimentos. D. Leonor decidiu então criar comodidades a todos os que ali iam.

A fama das termas deve-se às suas águas, especialmente indicadas no tratamento de reumatismos, afecções respiratórias, perturbações do aparelho locomotor e desintoxicações.


domingo, 20 de janeiro de 2008

A execução do duque de Bragança

Foi no dia 29 de Junho de 1483, que o foram buscar à torre onde se encontrava preso. Levaram-no numa mula até ao centro de Évora na praça hoje conhecida como do Geraldo.

O duque mostrou sempre grande serenidade. Almoçou figos e vinho tendo ainda dormitado um pouco já que estava um dia intenso de Verão.

Ditando depois as suas últimas vontades, mandando pelo seu confessor um recado para o rei "peço perdão a Deus e ao rei também lhe perdoo .... e que por ora da minha morte se saiba fazer amar porque temor sem amor não pode durar muito.

Já em cima do cadafalso,, olhando a multidão irada que lhe chamava traidor, relembrou a história da execução do Duque de Nemours, cruelmente executado à ordem de Luís XI e que o próprio D.João II lhe havia contado e exclamou "Ah ! como em França".

O cerimonial seguinte é de extrema cortesia e respeito, onde o próprio condenado pergunta ao carrasco o que fazer em seguida, tendo este dito "haveis de deitar sobre este tabuleiro de costas", ajudando com todo o respeito o condenado a ajeitar-se melhor.

Sacando rapidamente um machado em brilho, ergue-o de dum só golpe decepou a cabeça do Duque .

D.João II aguardava taciturno no paço o dobrar do sinos. Ao acontecer levantou-se da cadeira e caindo de joelhos disse para os cortesãos que o acompanhavam "Rezemos pela alma do duque".

Rezou longamente enquanto as lágrimas lhe corriam pela face.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Julgamento de D.Fernando 3º duque de Bragança(1483)

A prisão do homem mais importante do Reino, senhor de metade do país, levantou grande agitação que rapidamente se espalhou por todo o Reino. D.Fernando o grande duque de Bragança, que não cessava de acumular honrarias, estava detido e acusado de traição.

Pola lei e pola grey, havia sido a divisa de D.João II, quando tomara o poder e o povo instintivamente tomou nas ruas o seu partido, para mais conhecendo e sentindo na pele, as extorsões e os abusos que os nobres e os Braganças em particular se distinguiam.

Na noite da prisão de D.Fernando, D.João II convocou um conselho dos principais fidalgos e cidadãos de Évora a quem expôs os motivo que o levaram a ordenar a prisão do duque. Exibiu perante todos os documentos que comprometiam o preso e que o indiciavam num subterrânea manobra de traição.

O prisioneiro era tratado com toda a deferência, as refeições eram lhe servidas com toda a pompa e o cerimonial que ele costumava rodear-se. Todos os dias se dizia missa no seu confortável cárcere e tinha a liberdade de receber o confessor e de falar com os seus agentes e conselheiros.

As reuniões do conselho continuavam acaloradas e os mais extremistas perante provas tão evidentes defendiam que o rei o deveria mandar executar sumariamente. Que segundo as crónicas de Rui de Pina motivaram grande sobressalto e bastantes lágrimas em D.João.

Ele não queria essa crueldade declarava entre prantos, queria que o seu primo fosse julgado, com ampla liberdade de defesa. conforme as leis e usos e que tinha esperança que D.Fernando fosse ilibado.

Os amigos do duque pretenderam ver nessa atitude, uma tendência para o indulto ao duque e a todos os outros implicados, propondo-lhe o perdão e em troca da sua fidelidade futura o rei ficaria com todas as suas fortalezas e as dos fidalgos que lhe fazia esse pedido.

O rei disse que ia pensar no assunto, mas mais uma vez como Rui de Pina explica, deve salientar-se a cautela e a estratégia de D.João II, pois o que queria era ganhar tempo para saber de Castela iria para a guerra perante esta entrega de fortalezas e se as mesma ofereceriam resistência ao entregarem-se.

Os Reis católicos não "comprariam" essa guerra veio a saber-se, sacudindo a água do capote, disseram não conhecer os pormenores do caso, muito embora confiassem na clemência real, para com tão alto vassalo.

Quanto aos alcaides das referidas fortalezas nem um só deixaria de entregar as fortalezas que tinham à sua guarda.

Porém o que D.João II queria não era os bens, mas acima de tudo que se fizesse justiça. Formado o tribunal, aos defensores do duque, pediu D.João II que defendessem bem o réu , que os compensaria devidamente.

O libelo acusatório compunha-se de 22 artigos, que foram lidos em voz ao alta, mostrando o duque grande surpresa, pois por certo muitos deles julgava bem secretos.

D.Fernando, assistiu a duas sessões ouvindo os homens de leis discutir o seu caso. Á terceira sessão já não quis comparecer apesar de ter sido mandado chamar pelo rei, mandando dizer, resumidamente que "estava com o seu confessor tratando de assuntos da alma e do outro mundo, porque para os deste Mundo, ele que é juiz, que as julgue e as determine como quiser, porque a ida da minha pessoa não é necessária".

D.João II mandou de imediato evacuar a sala de tribunal e comovidíssimo disse aos magistrados que cumprissem com o seu dever, com justiça.

Ao voto de cada juiz, el-rei chorava com muitos soluços e muita tristeza, tendo o veredicto levado dois dias a elaborar.

Por fim a sentença

Que vistos merecimentos do processo, conformando-se no caso com as Leis do Reino e Imperiais e com a Aura e mui lealdade que aos Reis deste Reino de Portugal se devia sobre todos, acordaram que morresse morte natural e fosse na praça da cidade de Évora publicamente degolado e perdesse todos os seus bens, assim os patrimoniais, como os da Coroa, para o Fisco e Real Coroa de el-Rei.

Foi em pranto que D.João II, pôs seu passe a esta sentença.

Para muitos historiógrafos as atitudes de D.João II neste julgamento e na condenação são manifestações de hipocrisia, que as lágrimas eram fingidas e mero exercício de expropriação e acto de reforço do poder central.

Para outros sinceras e reflexo dum príncipe do Renascimento dentro do qual havia duas personalidades em luta a do homem de Estado e do Humanista