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domingo, 20 de janeiro de 2008

A execução do duque de Bragança

Foi no dia 29 de Junho de 1483, que o foram buscar à torre onde se encontrava preso. Levaram-no numa mula até ao centro de Évora na praça hoje conhecida como do Geraldo.

O duque mostrou sempre grande serenidade. Almoçou figos e vinho tendo ainda dormitado um pouco já que estava um dia intenso de Verão.

Ditando depois as suas últimas vontades, mandando pelo seu confessor um recado para o rei "peço perdão a Deus e ao rei também lhe perdoo .... e que por ora da minha morte se saiba fazer amar porque temor sem amor não pode durar muito.

Já em cima do cadafalso,, olhando a multidão irada que lhe chamava traidor, relembrou a história da execução do Duque de Nemours, cruelmente executado à ordem de Luís XI e que o próprio D.João II lhe havia contado e exclamou "Ah ! como em França".

O cerimonial seguinte é de extrema cortesia e respeito, onde o próprio condenado pergunta ao carrasco o que fazer em seguida, tendo este dito "haveis de deitar sobre este tabuleiro de costas", ajudando com todo o respeito o condenado a ajeitar-se melhor.

Sacando rapidamente um machado em brilho, ergue-o de dum só golpe decepou a cabeça do Duque .

D.João II aguardava taciturno no paço o dobrar do sinos. Ao acontecer levantou-se da cadeira e caindo de joelhos disse para os cortesãos que o acompanhavam "Rezemos pela alma do duque".

Rezou longamente enquanto as lágrimas lhe corriam pela face.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Julgamento de D.Fernando 3º duque de Bragança(1483)

A prisão do homem mais importante do Reino, senhor de metade do país, levantou grande agitação que rapidamente se espalhou por todo o Reino. D.Fernando o grande duque de Bragança, que não cessava de acumular honrarias, estava detido e acusado de traição.

Pola lei e pola grey, havia sido a divisa de D.João II, quando tomara o poder e o povo instintivamente tomou nas ruas o seu partido, para mais conhecendo e sentindo na pele, as extorsões e os abusos que os nobres e os Braganças em particular se distinguiam.

Na noite da prisão de D.Fernando, D.João II convocou um conselho dos principais fidalgos e cidadãos de Évora a quem expôs os motivo que o levaram a ordenar a prisão do duque. Exibiu perante todos os documentos que comprometiam o preso e que o indiciavam num subterrânea manobra de traição.

O prisioneiro era tratado com toda a deferência, as refeições eram lhe servidas com toda a pompa e o cerimonial que ele costumava rodear-se. Todos os dias se dizia missa no seu confortável cárcere e tinha a liberdade de receber o confessor e de falar com os seus agentes e conselheiros.

As reuniões do conselho continuavam acaloradas e os mais extremistas perante provas tão evidentes defendiam que o rei o deveria mandar executar sumariamente. Que segundo as crónicas de Rui de Pina motivaram grande sobressalto e bastantes lágrimas em D.João.

Ele não queria essa crueldade declarava entre prantos, queria que o seu primo fosse julgado, com ampla liberdade de defesa. conforme as leis e usos e que tinha esperança que D.Fernando fosse ilibado.

Os amigos do duque pretenderam ver nessa atitude, uma tendência para o indulto ao duque e a todos os outros implicados, propondo-lhe o perdão e em troca da sua fidelidade futura o rei ficaria com todas as suas fortalezas e as dos fidalgos que lhe fazia esse pedido.

O rei disse que ia pensar no assunto, mas mais uma vez como Rui de Pina explica, deve salientar-se a cautela e a estratégia de D.João II, pois o que queria era ganhar tempo para saber de Castela iria para a guerra perante esta entrega de fortalezas e se as mesma ofereceriam resistência ao entregarem-se.

Os Reis católicos não "comprariam" essa guerra veio a saber-se, sacudindo a água do capote, disseram não conhecer os pormenores do caso, muito embora confiassem na clemência real, para com tão alto vassalo.

Quanto aos alcaides das referidas fortalezas nem um só deixaria de entregar as fortalezas que tinham à sua guarda.

Porém o que D.João II queria não era os bens, mas acima de tudo que se fizesse justiça. Formado o tribunal, aos defensores do duque, pediu D.João II que defendessem bem o réu , que os compensaria devidamente.

O libelo acusatório compunha-se de 22 artigos, que foram lidos em voz ao alta, mostrando o duque grande surpresa, pois por certo muitos deles julgava bem secretos.

D.Fernando, assistiu a duas sessões ouvindo os homens de leis discutir o seu caso. Á terceira sessão já não quis comparecer apesar de ter sido mandado chamar pelo rei, mandando dizer, resumidamente que "estava com o seu confessor tratando de assuntos da alma e do outro mundo, porque para os deste Mundo, ele que é juiz, que as julgue e as determine como quiser, porque a ida da minha pessoa não é necessária".

D.João II mandou de imediato evacuar a sala de tribunal e comovidíssimo disse aos magistrados que cumprissem com o seu dever, com justiça.

Ao voto de cada juiz, el-rei chorava com muitos soluços e muita tristeza, tendo o veredicto levado dois dias a elaborar.

Por fim a sentença

Que vistos merecimentos do processo, conformando-se no caso com as Leis do Reino e Imperiais e com a Aura e mui lealdade que aos Reis deste Reino de Portugal se devia sobre todos, acordaram que morresse morte natural e fosse na praça da cidade de Évora publicamente degolado e perdesse todos os seus bens, assim os patrimoniais, como os da Coroa, para o Fisco e Real Coroa de el-Rei.

Foi em pranto que D.João II, pôs seu passe a esta sentença.

Para muitos historiógrafos as atitudes de D.João II neste julgamento e na condenação são manifestações de hipocrisia, que as lágrimas eram fingidas e mero exercício de expropriação e acto de reforço do poder central.

Para outros sinceras e reflexo dum príncipe do Renascimento dentro do qual havia duas personalidades em luta a do homem de Estado e do Humanista