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terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Colombo procura apoio na corte portuguesa


Cristóvão Colombo "ao que parece" genovês de origem, apresentou-se a D.João II com uma proposta tentadora, pedindo-lhe que o financiasse com 3 caravelas abastecidas para um ano de viagem, num empreendimento que, navegando para Ocidente encontraria terras da Índia.

Esse projecto que Colombo tinha como inovador, já não era novo na corte portuguesa.

Pelo menos desde o tempo em vida do avô de D.João II, D.Pedro numa longa viajem pela Europa , havia tomado conhecimento com as teorias de Pozzo Toscanelli, grande cosmógrafo da Universidade de Pádua que já defendia a teoria da esfericidade da Terra, com
a mesma conclusão que Colombo agora apresentava.

Colombo pretendia que uma vez alcançado o seu objectivo, o rei lhe concedesse o governo de todas as terras conquistadas e o recebimento da respectiva dízima, além da sua elevação à nobreza e o título hereditário de Almirante do Mar Oceano.


Além das exigências referidas, bem ambiciosas e desmesuradas, também segundo alguns autores, o feitio aventureiro de Colombo expresso em vários incidentes que precediam a sua fama, justificaram a não aceitação da sua candidatura .


Contudo D.João não o despediu de imediato, remeteu-o para os cientistas do Reino, muito mais conhecedores das teorias de Toscanelli e de outros grandes cosmógrafos, que o próprio Colombo, que também em definitivo recusaram a sua proposta.

Tanto que, para Portugal a aproximação a terras da Índia, seria muito mais lógico e certo, fazê-lo contornando a África, como viria a acontecer mais tarde.


Na realidade o que ninguém sabia nem Colombo nem a ciência portuguesa é que navegando para Oeste entre Portugal e a Índia, existia um outro continente, a futura América.


A recusa da coroa portuguesa em apoiar as pretensões de Colombo, levou-o a procurar Castela, onde Isabel a Rainha se convenceu, como se verá a apoiar essa iniciativa como se verá.

Nota: A frase "ao que parece",entre aspas, que coloquei no início desta entrada, prende-se com o facto da nacionalidade e a naturalidade de Colombo ser polémica. Para alguns seria português, natural de Cuba, no Alentejo ou na ilha da Madeira, estando por provar todas elas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A 2ª viagem de Diogo Cão(1485)

Diogo Cão voltou a partir no início de 1485, com o plano de eventualmente ir até ao Índico, recolhendo de caminho os portugueses que havia deixado no Zaire (ver relato da 1ª viagem) e repatriaria os quatros pretos que havia trazido, com todas as honras e luxos, prometendo voltar no regresso.

Prosseguiu ao longo da costa de África para Sul, até ao Cabo da Cruz na que é hoje a Namíbia e onde Diogo Cão plantou o segundo e último dos padrões que havia levado de Lisboa. Padrão esse descoberto 400 anos depois quase intacto, com a seguinte inscrição "Cabo da Cruz. Na era da criação do mundo de 6685 e de Cristo de 1485 o excelente e esclarecido Rei Dom João II de Portugal mandou descobrir esta terra e colocar este padrão por Diogo Cão, cavaleiro de sua casa".

No regresso como prometido Diogo Cão volta a parar no Congo, navegam no rio Zaire, subindo o curso do rio até as cataratas do Yelala, atingindo o extremo navegável do rio. Por outro, a penetração terrestre em direcção a Mbanza Kongo, que mais tarde seria rebaptizada de São Salvador.

Voltando a descer o rio, visita o Rei do Congo, que foi um êxito enorme, pela forma como tinham sido tratados os negros que tinham estado em Portugal e a descrição que fizeram do reino de Portugal.

Na volta a Portugal, foi a vez do Mani Congo mandar sua embaixada a D. João II. Junto dos presentes, pedia "que lhe mandassem logo frades e clérigos e todas as coisas necessárias para ele e os de seus reinos recebessem a água do baptismo", solicitando igualmente o envio de pedreiros, carpinteiros e lavradores que ensinassem em seus reinos a tratar da terra, mulheres para ensinarem a amassar pão, "porque levaria muito contentamento por amor dele que as coisas do seu reino se parecessem com Portugal".

Com Diogo Cão de regresso a Portugal o Mani Congo, regressou Caçuta, um dos pretos que originariamente visitaram Portugal e que foi por certo o primeiro embaixador do Congo em Portugal. Trazia a indicação de que se deveria baptizar, o que aconteceu recebendo o nome cristão de João Silva.

Caçuta foi recebido com todas as honras, mas de Diogo Cão nunca mais se ouviu falar, os cronistas fazem dele um silêncio sepulcral. Terá caído em desgraça junto de D.João II ? Terá morrido na viagem de regresso ? Nunca se soube ao certo o que teria acontecido

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Embaixada ao Papa(1485)

D.João II enviou a Roma uma importante embaixada, com a missão de assegurar ao novo papa Inocêncio VIII, a obediência do reino, tendo como embaixadores o mordomo-mor D.Pedro de Noronha e o grande orador Vasco Fernandes de Lucena, secretariado pelo cronista Rui de Pina.

O nosso rei também perseguia outro objectivo importante. Um vez liquidada internamente a oposição da nobreza em Portugal, continuavam a existir alguns atritos com outra classe não menos importante, o clero.

A impressão geral que existia no Vaticano, sobre Portugal no tempo do anterior papa Xisto IV, não era a melhor, minada pelo cardeal da Alpedrinha, D. Jorge da Costa (assim conhecido por ser natural daquela localidade) e que vivia em Roma, atendendo à incompatibilidade com D.João II, ao mesmo tempo que minava a opinião sobre o rei de Portugal, junto do Vaticano.

Esta embaixada também pretendia repor a boa imagem do País, aproveitando a nomeação dum novo Papa.

Xisto IV chegara a acusar D.João II de "usurpar a liberdade religiosa e os direitos da igreja, como de tentar extingui-la inteiramente por meio de constituições novas e insólitas". Um rei extremamente devoto, foi o primeiro monarca português que teve capela no paço, onde todos os dias ouvia missa e rezava no seu oratório particular.

O primeiro passo da embaixada foi a reconciliação com o influente Alpedrinha (quanto terá custado à coroa ? ), que dada a sua influência, agora ao serviço de D.João II, veio a conseguir alcançar os objectivos em pleno.

Nesse mesmo ano, Inocêncio VIII, concede a bula da cruzada, importantíssima para a época, que consistia que para a "empresa de África", para todos os seus participantes eram concedidas indulgências e remissões dos pecados. além doutras decisões de ordem financeira, que envolvia as comunidades religiosas e outras decisões aparentemente, de menor importância vistas a olhos de hoje, mas importantíssimas na época, como a autorização para se reunirem num só todos os hospitais existentes em Lisboa, que deu origem ao Hospital de Todos os Santos, que viria a desaparecer com o terramoto de 1755.


domingo, 3 de fevereiro de 2008

A conspiração não morreu

A execução do duque de Bragança. não pôs termo à conjura que continuava a minar grande parte da corte de D.João II, muita da nobreza habituada aos favores de D.Afonso V, não aceitava as alterações impostas por D.João II.

Muitos dos contornos dessa conjura era do conhecimento do Rei. D.João II sabia que o seu cunhado o duque de Viseu, irmão da Rainha D.Leonor, estava comprometido na conspiração chefiada pelo duque de Bragança, muito embora no decorrer do processo levantado a D.Fernando tenha deixado o seu nome de fora.

Logo no dia seguinte à execução do Bragança. tentou falar com ele, no aposentos da irmã, chamando-o à razão pensando que processo e a execução deste, pudesse ser suficiente para o fazer arrepiar caminho.

Propôs-lhe, com o seu perdão a atitude de arrependimento para com os actos de insubordinação que já havia demonstrado, desde os seus tempo passado na corte de Castela, em que colaborara para a intriga contra o seu Rei.

Quanto aos outros membros da conspiração, o exaltado marquês de Montemor, refugiado em Castela e clamando pela ajuda dos Reis Católicos, para uma acção armada contra Portugal, ideia que nunca foi bem acolhida por aqueles monarcas, acabou julgado à revelia e condenado também à morte, tendo a sua efigie um boneco de pano, sido decapitado.

O certo é que, embora não se sabendo exactamente os motivos, o marquês de Montemor, pouco tempo depois quando se encontrava em Sevilha, acabou por morrer, sabe-se lá se por força dum veneno ministrado à socapa.

O seu irmão o conde de Faro, morria igualmente pouco tempo depois lá por terras da Andaluzia.

Mas os tentáculos da rede eram bem grandes e continuavam mesmo internamente a conspirar. D.Garcia de Menezes, o bispo de Évora, mais o seu irmão Fernando, Fernão da Silveira (Alvito), os Atouguias, Álvaro e Pedro, o conde de Penamacor, destacavam-se entre muitos outros.

Mais uma vez, a teia de amigos do rei, por via duma jovem amante do bispo de Évora, consegue saber da intriga que urdiam, que consistia em matar o rei D.João e o jovem príncipe herdeiro D. Afonso e conduzir ao trono o parente mais próximo de D.João, exactamente o duque de Viseu.

Mais uma vez D.João II estava na posse de toda a informação, sobre a conjura para o liquidar. Eram pessoas que frequentavam a corte e com ele se cruzavam todos os dias, mas nem sonhavam, estar o rei de posse desse segredo.

Várias tentativas de assassinato do Rei, foram tornadas infrutíferas, até que a situação acabou por se inverter e muito embora vários cronistas tenham dos pormenores informações diferentes no essencial, coincidem D.Diogo o duque de Viseu morreu apunhalado pelo próprio rei no dia 21 de Agosto de 1484 em Setúbal.

Quase todos os implicados, foram mortos alguns por "terrível acidente" com comida estragada, como no caso do bispo de Évora, ou por imprecaução e tropeção nalgum punhal mal acondicionado como D.Guterre Coutinho.

O irmão do bispo Fernando de Menezes foi executado na praça de Setúbal e dos que fugiram apenas o conde de Penamacor, ao refugiar-se em Inglaterra e posteriormente em Roma onde viria a falecer de morte natural, desta vez não foi prenunciada a palavra veneno.

Outra sorte teve o riquíssimo judeu também implicado Isac Abravanel que muito embora julgado e condenado à morte, conseguiu fugir, sabe-se lá porquê para Veneza.

Outros acontecimentos em Portugal
  • Expedição de João Afonso Aveiro ao Benin
Algumas dúvidas subsistem em torno desta figura, nomeadamente pelo facto de ao tempo, diversos homónimos coexistirem, com relevo para o poeta do Cancioneiro Geral e para o destemido homem do mar, consagrado pelas viagens ao Golfo da Guiné e mais para sul.

Sobre este, discutindo-se ainda se "Aveiro" indicaria naturalidade ou nome, não há dúvida da excelência do seu contributo nos Descobrimentos, salientado pelas crónicas do tempo que indicam que, por ele, em 1484, "foi primeiramente descoberta a terra do Benim além da Mina, nos rios dos Escravos", indicando-se que foi ele quem trouxe a primeira pimenta da Guiné.

Destas descobertas e outras realizadas pelo navegador advieram enormes vantagens comerciais e políticas que o rei rapidamente aproveitou, sobretudo na Flandres e no Vaticano, passando-se a um capítulo de evangelização sem precedentes nas Terras descobertas e a um negócio sistemático, pelas boas relações conseguidas. Sabe-se que João Afonso de Aveiro ali fez várias viagens.


(retirado de Serviços de Documentação da Universidade de Aveiro)
Hospital Termal das Caldas da Rainha é o mais antigo do mundo, contando já com cinco séculos de existência.

Em 1484, a Rainha D. Leonor, esposa de D.João II, ia em direcção à Batalha e, ao passar pelo sítio onde se viria a erguer as Caldas, viu alguns pobres metidos em "prezas daquelas águas cálidas que saíam da fonte fumegando".

Perante a sua curiosidade foi-lhe respondido que eram doentes de "frialdades", e que naquelas águas encontravam remédio para os seus padecimentos. D. Leonor decidiu então criar comodidades a todos os que ali iam.

A fama das termas deve-se às suas águas, especialmente indicadas no tratamento de reumatismos, afecções respiratórias, perturbações do aparelho locomotor e desintoxicações.