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terça-feira, 27 de maio de 2008

O Tratado de Tordesilhas(1494)


Todos os indícios apontam para a conclusão que, o anúncio feito por Colombo de que atingira a Índia, ao aportar em Guanahami, Cuba e Haiti, não colhera cabimento junto da corte portuguesa, que já estava informada da existência de um novo continente e que o navegador Colombo se equivocara.

Ao passar por Lisboa no seu regresso dessa viagem, Colombo, trouxera alguns indígenas da América, que foram apelidados de Índios, exactamente por considerar ter conseguido esse objectivo, e foi por essa razão que os habitantes desse continente continuaram a ser conhecidos por esse nome.

D.João II já sabia que os selvagens que lhe foram apresentados, não poderia corresponder ás informação que já possuía que a civilização que existia no Indostão era evoluída não condizente com o aspecto dos indígenas que lhe eram apresentados.

D.João II fizera apenas a menção que acreditara nisso, para poder ganhar algum tempo, no sentido de assegurar que os indícios recolhidos pela navegação pela Rota do Cabo, se concretizassem na chegada à Índia.

Os acordos e as bulas papais em vigência desde o tratado de Alcaçovas em 1479, tinham imposto uma demarcação dos direitos sobre os novos territórios descobertos. Como pelos vistos o conhecimento na corte espanhola, sobre cartografia, eram bastante inferiores à dos portugueses, levou a que a corte espanhola, desde logo, quisesse tomar posse do novo território. De uma forma táctica D.João veio a terreno reclamando os seus direito sobre aquele território, com intuito óbvio de forçar um novo acordo, que garantisse as suas pretensões e que decididamente não tinham a ver com a América.

Foi então traçado um novo mapa que entre as resoluções então tomadas, a mais célebre e mais importante foi a da delimitação, através de um meridiano traçado a 370 léguas a oeste de Cabo Verde, das zonas de influência dos países ibéricos, cabendo a Portugal o hemisfério oriental e, a Espanha, o ocidental. Garantia-se aos navegadores espanhóis o direito de passagem para oeste e definia-se a repartição dos territórios que viessem a ser atingidos por Colombo, que então realizava a sua segunda viagem. Ambos os reinos se comprometiam a não recorrer ao papa com o intuito de alterar estas disposições, o que, a par da salvaguarda da rota do cabo, constituiu uma vitória para a diplomacia portuguesa.

A longo prazo, no entanto, acabou por garantir a Portugal a posse do Brasil, cabendo a Espanha a maior parte do continente americano.

Tratado assinado, em 7 de Julho de 1494, entre representantes da Coroa portuguesa e da Coroa espanhola em Tordesilhas (perto de Valladolid), e ratificado pelos respectivos reis D. Fernando e D. Isabel de Castela e D. João II de Portugal.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

O bárbaro tratamento aos judeus(1492)

Na sequência do édito de expulsão dos judeus a 31 de Março de 1492, através do qual foram expulsos de Castela todos os judeus não baptizados, concedendo-lhes um prazo de 4 meses para regularização da sua situação.

Hipocritamente permitiam-lhes dispor dos bens, por venda ou doação, admitindo mesmo que pudessem leva-los desde que transportáveis, bem entendido, desde que não se tratasse de ouro prata ou moeda, que seriam trocados por letras de câmbio, ou mercadorias cuja exportação não fosse proibida.

O não cumprimento desta Lei equivaleria à pena de morte e ao confisco de todos os bens.

Tudo foi vendido ao desbarato e o êxodo foi enorme e demasiado trágico. Alguns seguiram para Itália em pequenos barcos atacados por uma epidemia ou pela pirataria, pereceram quase todos. Melhor sorte não tiveram os que optaram por Marrocos ainda com requintes de maior malvadez, ou pela Grécia e Turquia.

Negociaram com D.João II a vinda para Portugal, que espreitou ali a oportunidade dum bom negócio, sem qualquer tipo de sentimento humanitário, diga-se, mas que realmente também não era o paradigma da sociedade daquela época.

D.João II permitiu a entrada dos judeus, lançando um imposto de 8 cruzados por cabeça, a pagar em 4 prestações suaves, isentando somente as crianças de colo.

Os técnico, diga-se os oficiais mecânicos (latoeiros,armeiros, etc), pagavam apenas metade.

Este período de permanência, foi proposto por 8 meses, findo o qual Portugal se comprometia a promover o transporte para o País que quisessem, à custa de quem estivesse interessado, claro.

Este período foi para mim, um dos mais violentos e cruéis da nossa História, para além da avultada quantia que a coroa arrecadou com esta operação.

Naturalmente que, como nem todos os judeus podiam pagar, tentaram entrar clandestinamente no País. Quando encontrados a população fanatizada, espancavam.nos brutalmente, muitas vezes até á morte.

Mas o mais vergonhoso foi quando o rei faltando à sua palavra, em vez de conduzir os judeus ao país de sua preferência, os atirou em massa para Marrocos onde se sabia a sorte que os esperava, depois de roubados os bens e violadas as mulheres e crianças.

Pior ainda, o destino que D.João II deu aos filhos menores dos judeus, enviado-os para a ilha de São Tomé, depois de baptizados e "apartados das suas famílias fossem bons cristãos" e em crescendo pudessem povoar a ilha.

Os que não tinham dinheiro para abandonar o País, foi fácil a solução, foram vendidos ou oferecidos como escravos.


  • Junho-Abraão Zacuto vem para Portugal

Sábio judeu, grande astrónomo.

Nasceu em Salamanca em 1450, aproximadamente, e faleceu em 1510.

Foi catedrático de astronomia na Universidade da sua terra natal, e mais tarde na de Saragoça o em Cartagena. Quando os judeus foram expulsos do Espanha veio para Portugal, onde teve grande valimento junto de D. João II e principalmente de D. Manuel, de quem foi cronista e astronomo.

Atribui-se à sua influência para com el-rei D. Manuel, a carta de alforria que este monarca no princípio do seu reinado, concedeu aos judeus.

Auxiliou com os seus conselhos a expedição de Vasco da Gama, e inventou alguns instrumentos náuticos. Quando se deu a expulsão dos judeus em Portugal, procurou segurança em Tunis, mas viu-se reais tarde obrigado a fugir para a Turquia, onde morreu.


Escreveu o Bi'ur Luhot que foi traduzido pelo seu discípulo José Vizinho com o nome do Almanach perpetuum. A sua obra mais importante, intitulada: Sepher Juchasin (Livro das linhagens), foi pela primeira vez impressa em Constantinopla, no ano de 1566, e nela se encontram curiosas notícias a respeito da história religiosa da nação dos israelitas e a respeito dos rabinos que viveram até 1500 e dos violentos ataques contra o cristianismo.

Transcrito por Manuel Amaral
Créditos ;Génios inesquecíveis