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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1483

  • Junho,20-Prisão do Duque de Bragança
A conjura contra a coroa reinante, já tinha antecedentes, do tempo de D.Afonso V, preparando-se os Braganças para aniquilarem D.João II, que embora conhecendo a qualidade de quem o rodeava, pressentia o ódio surdo que por ele nutriam, mas talvez ainda não conhecesse a extensão das suas manobras, nem a gravidade das intenções.

O agravar das relações entra os Braganças e a Coroa, dá-se após as Cortes de Évora do ano anterior, como aqui foram descritas "em causa estava a autoridade real e a entrada dos corregedores do rei em terras de nobres ", que ao poderoso D.Fernando duque de Bragança, se configurou uma terrível ofensa.

Mandou procurar nos seus domínios de Vila Viçosa, as escrituras de doações e privilégios, concedidos à sua casa ducal pelos Reis antecedentes, para salvaguardar a sua argumentação, mas que afinal haveria de o perder.

De uma encomenda inicial ao bacharel em letras João Afonso, para fazer essa pesquisa na papelada de Vila Viçosa e que este, adjudicaria por sua vez a seu filho, ainda jovem, tal tarefa, difícil e morosa, não estando devidamente esclarecida a razão dessa transferência, a um jovem ainda inexperiente.

Ainda menos clara é a intencionalidade da "ajuda" que um tal Lopo de Figueiredo, oportunamente, surge a prestar ao jovem filho de João Afonso.

Oficialmente, homem da confiança do Duque de Bragança, parece que afinal estaria secretamente pago pela coroa, para outro tipo de investigação.

Entre os papéis pesquisados, havia afinal minutas de mensagens para os Reis de Castela, escritas pela própria mão do Duque de Bragança, que Lopo de Figueiredo ocultando do seu companheiro de tarefa, veio denunciar junto do Rei.

D.João II mandou copiar as cartas em sigilo mandando depois Figueiredo voltar a coloca-las onde as havia tirado.

As cartas revelavam factos inequívocos de conspiração entre o Duque de Bragança e os Reis Católicos, nomeadamente nas propostas de oferta de serviços, para defesa dos interesse dos Reis Castelhanos.

Face a estas evidências, não pôde contudo de imediato D.João II, tomar providência, porque pelas mesma fontes, a referida correspondência, temeu pela vida dos seus filhos, presos ao contratado com Castela e reféns em Moura, em Terçarias, pelo que havia primeiro que resolver este assunto. Assim procedeu D.João II, da forma que abaixo se explica.

Entretanto, neste mesmo ano, a rainha D.Leonor, tinha um parto mal sucedido, encontrando-se em Almeirim, entre a vida e a morte.

O duque de Bragança visitou a sua cunhada D.Leonor e por essa ocasião, contam alguns historiógrafos, o rei terá manifestado grande satisfação pela visita, em situação de perfeita encenação teatral, como se viria a perceber mais tarde.

Aproveitou contudo a ocasião para em privado, com apenas uma testemunha presente, o bispo de Viseu, dar a saber ao duque de Bragança, que tem conhecimento dos seus entendimentos com Castela. Fê-lo duma forma amistosa e manifestando a sua disponibilidade para perdoar e tudo esquecer, desde que a principal casa nobre de Portugal, sirva a coroa com lealdade.

Embora aparentemente tenha aquiescido, pode admitir-se que D.Fernando terá interpretado este gesto de D.João II como um sinal de fraqueza.

Tanto assim que continuou a reunir-se com os seus apaniguados e familiares cada vez mais cientes que D.João II os temia, tanto assim que mandara os seus corregedores (modernamente seriam fiscais das finanças),não entrar nas terras do duque de Bragança.

Não tinham levado em conta, que só a demora do fim das Teçarias, colhia os movimentos do rei.

Quando esse momento chegou, grandes festejos aconteceram e na sequências dos mesmos e da visita do duque de Bragança, com toda a descrição possível, D.João II, acompanha-o, ao mesmo que lhe promete mandar investigar as calúnias de traição que era alvo, segundo lhe dizia o duque Fernando.

Quase por acaso entraram numa sala onde estavam os camareiros reais, tendo D.João II lhe dito que para melhor segurança e rigor no inquérito, convinha que ele duque ficasse ali detido.

Dizendo isto retirou, deixando o poderoso D.Fernando duque de Bragança, preso às ordens dos seus camareiros.

Outros acontecimentos em Portugal neste ano
  • Maio,24-Terminam as Terçarias de Moura.
Outras cartas que chegaram ao conhecimento de D.João, através das informações do infiltrado, Lopo de Figueiredo, mostrava na sua correspondência com Castela, que era sua vontade que as Terçarias não se anulassem, nem sequer se modificassem.

As Terçarias de Moura surgem na sequência do Tratado de Alcáçovas, assinado em 1479, que veio por fim ao diferendo sobre a sucessão dinástica da coroa de Castela á qual D.Afonso V, se havia perfilado como pretendente, foram assinadas cláusulas matrimoniais e respectivas Terçarias, que se podem traduzir como garantias, para cumprimento de contratos.

Estas Terçarias de Moura, envolviam o seu filho D.Afonso, prometido em casamento aos 7 anos por palavras de futuro e aos 14 por palavras de presente, à infanta D. Isabel filha dos Reis de Castela.

Por sua vez D.Joana deveria casar com o príncipe D. João de Castela, quando este atingisse a idade de 14 anos.

Ficariam entretanto os 3 (D.Joana, D.João e D.Isabel), à guarda em Moura da infanta D.Beatriz, que era a viúva de D.Fernando duque de Viseu irmão de D.Afonso V e cunhada de D.João II, por ser irmã da Rainha D.Leonor e também tia de Isabel rainha de Leão e Castela. com quem Portugal estivera em guerra por causa da Beltraneja.

(este acordo tem desenvolvimento do blogue de D.Afonso V referente à data em que teve lugar).

Era esta a teia que D.João II tinha que desembaraçar, antes de intentar o ajuste de contas com o duque de Bragança.

Finalmente foi obtido o acordo com Castela, para por termo às terçarias, ajustando-se o casamento do príncipe D.Afonso com a infanta D.Isabel, tendo o Prior do Prado, enviado dos Reis Católicos, declarado que em virtude da confiança que reinava entre Portugal e Castela, já as terçarias se tornavam desnecessárias como garantia de paz. Partindo então a infanta Isabel para Castela, tendo ficado o infante D.João liberto dos seu cativeiro com apenas 8 anos de idade.

Quanto a D.Joana a Beltraneja, a verdadeira chave do problema para Isabel de Castela, recusou-se casar com o primo - por considerar vexatório, para a sua posição de herdeira natural, ter que casar com o herdeiro de quem lhe roubara o trono para o poder vir a recuperar no futuro - e retirou-se para um convento.

Abandonou suas reclamações, tomou o véu no mosteiro de Santa Clara em Santarém, e o direito de Isabel a Católica,ao trono de Castela, se tornou inquestionável.




quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1482


  • Fevereiro,28-Renovação por Portugal dos tratados assinados por D.João I com a Inglaterra.
A D.João II interessa, para além da expressão do desenvolvimento do plano das descobertas, garantir a segurança da navegação no Atlântico. Foi pois nesse sentido que foi enviada uma delegação a Inglaterra, com o objectivo de confirmar junto da coroa inglesa, as alianças antigas estabelecidas no tempo de D.João I.
A Inglaterra viria a confirmar em Setembro deste mesmo ano, as alianças anteriores.
  • Partida de Lisboa de Diogo Cão.
Diogo Cão pensa-se que nascido em Vila Real, já era um navegador experiente e conhecedor da navegação nas costas da Guiné, foi escolhido para nova aventura. Ainda existe alguma controversa, acerca do número de viagens comandadas por Diogo Cão, mas parece incontestável, e saída de duas caravelas de Lisboa nos primeiros meses deste ano.

Passando o limite das anteriores viagens, o cabo de Santa Catarina, teriam explorado a costa até ao rio Zaire, implantando na sua margem o padrão de São Jorge.

Após ter enviado emissários a um grande rei congolês Nzinga-a-Nkuwu, a expedição prossegue viagem até ao cabo Lobo (actualmente de Santa Maria), onde terá colocado o padrão de Santo Agostinho.

De regresso a armada volta a para na foz do Zaire, na tentativa infrutífera de recolha dos emissários, capturando então alguns autóctones .

Estaria de volta em 1484, após ter descoberto a ilha de Ano Bom

Diogo Cão, introduziu a utilização dos padrões de pedra, em lugar das cruzes de madeira, para assinalar a presença portuguesa nas zonas descobertas.

  • Novembro-Cortes de Santarém.
Onde foi estabelecida a criação dum imposto de 50 milhões de reais, para pagamento das dívidas de D.Afonso V, para cuja a conrança se fez o regimento no ano seguinte em Fevereiro.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Acontecimentos no ano de 1481


  • Setembro,01-Início do reinado de D.João II que durou 14 anos.
Foi a 31 de Agosto no jogo da péla em Sintra na cerimónia de aclamação que D.João II, perante prelados e fidalgos, proferiu o seguinte juramento

" Juramos e prometemos de com a graça de Deus vos reger, governar bem e directamente e vos ministrar inteiramente justiça, quanto a humana fraqueza permite e de vos guardar vossos privilégios graças e mercês, liberdades franquezas que vos foram dadas e outorgadas por El-Rei meu senhor pai, cuja alma Deus haja e por outros Reis passados seus predecessores"

Logo nesse dia os grandes senhores recebem uma notificação, onde para além, das referência ás formulas protocolares sobre o anuncio da sua coroação, D.João II surpreendia todos, não só pela convocação de cortes para Évora, como pela rígida vassalagem que exigia de todos quer fidalgos quer servos mais humildes, uma fórmula extensa e que todos deviam proclamar, com o monarca sentado e o vassalo ajoelhado na sua frente com as suas mãos nas do rei.

Foi o início da afirmação da autoridade real, não esquecendo que o duque de Bragança era dono de cerca de metade do País esta determinação chocou profundamente o duque, que se julgava quase rei e que não estava habituado a esse tratamento

Perceber-se-á que não foi por acaso, a atitude de D.João II e que o juramento era para cumprir.

  • Novembro, 12-Cortes de Évora
Imediatamente após o funeral de seu pai para o Mosteiro da Batalha, D.João II convoca a realização de cortes em Évora.

As cortes são realizadas no paço situado ao lado do mosteiro de São Francisco. Muito embora com apenas 26 anos D.João II já tinha vasta experiência de governação, bem como de cortes em particular, atendendo às inúmeras a que assistiu ainda na qualidade de príncipe, organizadas no tempo de seu pai.

Dizem os cronistas da época, que el-rei se ocupou pessoalmente dos detalhes de organização destas em Évora.

Duma forma bastante sucinta pode resumir-se que as Cortes de Évora focaram essencialmente os seguintes aspectos
  • a questão das autoridade real e das honras e privilégios que a nobreza usufruía e que nessa cortes foram violentamente apresentados pelos representantes do povo, diz-se que houve entendimento prévio com o rei para essa denúncia, que agradecendo a denuncia e que iria mandar averiguar a consistência dos abusos denunciados.Tendo inclusivamente tomado de imediato medidas, para acabar com alguns desses abusos por parte da nobreza.
  • Ali mesmo a generalidade da nobreza, liderada pelo primo de D.João II o duque de Bragança, a casa mais rica do Reino, habituados como estavam a governar os seus territórios como soberanos sem prestarem contas a ninguém, voltou a manifestar o seu descontentamento.
  • Nada fez demover D.João II desse seu intento, nem as cunhas que o Bragança, meteu inclusivamente empenhando a sogra de ambos D.Beatriz a interferir pela causa dos nobres despojados dos seus privilégios de mando absoluto.
  • D.João II sempre argumentou em nome da justiça ,dizendo a sua sogra "que o principal dever dum rei é manter a justiça e como os povos lha tinham pedido muito, por nenhuma razão podia ou devia negar-lha" Além disso, cumpria a vontade que seu pai D.Afonso V lhe manifestara, de eliminar abusos que também por certo ele havia contribuído.
  • Em causa estava a autoridade real e a entrada dos corregedores do rei em terras de nobres, que se julgavam intocáveis no seu poderio.
  • Começa bem a saga do Príncipe Perfeito na sua cruzada interna conta a nobreza rebelde e que viria a culminar anos mais tarde com a execução do Duque de Bragança.
Naturalmente que a consequência mais directa é a sua ligação ao coração do povo a quem prometera justiça, e cumpria.

  • Dezembro,12-Partida de Lisboa da frota comandada por Diogo de Azambuja, com destino à Mina.
Uma expedição de onze navios partiu de Lisboa, transportando uma tropa de 600 homens e material pré-fabricado como lastro nos navios. A sua missão era a de erguer uma fortificação com funções de feitoria, o chamado Castelo de São Jorge da Mina, posteriormente denominado como Castelo Velho da Mina.

Ali passaram a ser trocados trigo, tecidos, cavalos e conchas (“zimbo”), por ouro (até 400 kg/ano) e escravos, estes com intensidade crescente a partir do século XVI. Ao abrigo da fortificação-feitoria desenvolveu-se um núcleo urbano geminado, informalmente denominado como “Duas Partes”, um habitado por europeus, outro por nativos. A povoação de São Jorge da Mina viria a receber Carta de Foral em 1486.

Em Setembro deste mesmo ano já Sisto IV havia subscrito a bula Propter tuam concedendo indulgência total a todos os que morreram na descoberta da Costa da Guiné, envolvendo toda a zona costeira do golfo da Guiné.


domingo, 16 de setembro de 2007

A primeira infancia e a educação

Não o nascimento mas a concepção de D.João foi objecto de entradas muito curiosas dos cronistas quer Garcia de Resende quer Rui de Pina, referindo que estando a família real em Almeirim, e vindo o rei D.Afonso V da caça, chegado a casa , D.Leonor ter-lhe-à contado que nesse dia tinha partido uma esmeralda de um anel que estimava muito, tendo o Rei respondido que tomasse esse acontecimento como um bom sinal, se nesse dia concebessem um filho, viria a estimá-lo mais do que a qualquer esmeralda.

Para além deste detalhe curioso, está registado que D.João foi baptizado uma semana depois do seu nascimento na Sé de Lisboa, apadrinhado pelo seu tio D.Fernando e o marquês de Vila Viçosa e como madrinhas sua tia D.Catarina e D.Beatriz de Menezes.

Poucos dias depois a 25 de Junho de de 1455 é jurado herdeiro do trono, tendo ficado orfão de mãe aos 7 meses

Da sua educação pouco se sabe, Garcia de Resende, diz genericamente que foi educado com muito cuidado, sem grandes Mestres mas com óptimos resultados "cresciam nele, virtudes, bons costumes, bom ensino e boas manhas em tanto crescimento ... el-rei seu pai, não fazia conselho, nem coisa grande em que não o metesse e tomasse o seu parecer".

Sabe-se que a sua educação foi entregue a Diogo Soares de Albergaria e a sua esposa Beatriz, que vieram substituir aos sete anos de idade do jovem príncipe uma outra Beatriz, antiga governanta de sua mãe e que cuidara dele e de sua irmã Joana 3 anos mais velha, na primeira infância.

Não se conhece a seu lado nenhum mestre ou erudito estrangeiro, como sucedeu com seu pai, mas parece que a rica biblioteca do paço, lhe forneceu matéria para estudo, que o seu interesse complementou.

Parece portanto que D.João foi acima de tudo um auto-didacta

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Nascimento

Nasceu em Lisboa no Paço das Alcáçovas no Castelo de São Jorge no dia 3 de Maio de 1455. Era filho do rei D.Afonso V de Portugal e de sua prima Isabel de Urgel, princesa de Portugal e filha de D.Pedro e de D. Isabel, duques de Coimbra.

Pelo lado paterno é neto de D.Duarte e da princesa Leonor de Aragão.

As avós são ambas aragonesas e os avós e os pais portugueses É um rei ibérico também nos seus antepassados mais próximos, já que apenas a sua bisavó D.Filipa de Lencastre o não era.

Fica órfão muito cedo pois sua mãe morre em Dezembro, não tendo influência na sua educação, que deve atribuir-se fundamentalmente à tia D.Filipa irmã de sua mãe, mais tarde recolhida em Odivelas.