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quinta-feira, 27 de março de 2008

Acontecimentos no ano 1490


  • O casamento do príncipe herdeiro
Ficara escrito no tratado de anulação das terçarias de Moura, que aos 14 anos, o príncipe herdeiro D.Afonso casaria com a infanta Joana, filha segunda dos Reis Católicos, mas se a sua irmã mais velha, herdeira dos reinos de Castela, Aragão e parte de Navarra, ainda se encontrasse solteira nessa altura, então o matrimónio do príncipe Afonso, efectuar-se-ia de preferência com ela e foi mesmo isso que aconteceu.

Estava implícito neste acordo o plano da união ibérica, pelo que alguns boatos sobre a possível aproximação, para efeitos de casamento com a infanta Isabel a mais velha e herdeira, com as casas de França e de Nápoles, não passavam disso mesmo, pois nada mais poderia agradar à coroa de Castela que o casamento da sua herdeira com o infante de Portugal.

Em Janeiro de 1490, foram convocadas cortes, reunindo-se em Évora no mês de Março, que aprovaram o enlace e estabeleceram uma contribuição de 100.000 cruzados, para cobrir as despesas com as solenidades.

Os esponsais celebraram-se em Sevilha, num domingo depois da Páscoa, debaixo de grandes festejos. Desde essa data o príncipe Afonso e a infanta Isabel estavam casados por procuração.

A reunião dos noivos, viria a realizar-se já perto do fim desse ano, depois de grandes preparativos, minuciosamente dirigidos pelo próprio Rei. Tudo preparado com grande fausto, conforme descrito por Garcia de Resende.

A princesa Isabel chegou a Elvas no dia 19 de Novembro, onde já se encontrava D.Manuel, duque de Beja, (longe estavam todos de saber as voltas do destino), para a receber junto à fronteira e conduzi-la a Évora onde o casamento se iria realizar, cujos festejos duraram vários dias.

Os estrangeiros presentes, que confessaram nunca ter visto melhor e as pessoas que assistiram aos eventos, foram unânimes em considerar este casamento como a coisa mais bela que alguma vez se realizou em Portugal.


  • Maio,12-Morte da infanta Joana, filha de D.Afonso VI e irmã de D.João II
Nasceu em Lisboa em Fevereiro de 1452. Foi a primeira princesa de Portugal a receber o título de princesa herdeira do reino, por ter sido filha primogénita, antes do nascimento de D.João.

Joana foi regente do reino em 1471, por altura da expedição de D. Afonso V a Tânger.

Dotada de grande beleza foi pretendida por vários príncipes europeus. Revelou desde muito tenra idade uma grande vocação religiosa preferindo ser freira, primeiro recolheu-se no mosteiro de Odivelas e mais tarde no Convento de Jesus de Aveiro. Esta última decisão foi contestada tanto pelo rei como pelo povo, dado que o Convento de Jesus era muito pobre e, na opinião geral, indigno de uma princesa

Por imposição do rei e dos teólogos da corte, nunca lhe foi permitido professar, mas mesmo assim não abandonou o mosteiro, ficando a usar o véu de noviça. Viveu na humildade e na pobreza aplicando as suas rendas no socorro dos pobres.

A sua caridade era tão grande que foi apelidada como santa. Santa Joana Princesa como ficou conhecida

Mas a bela princesa adoeceu de peste e morreu em grande sofrimento. Quando o seu enterro passou pelos jardins do convento deu-se um facto insólito: as flores que ela havia tratado em vida caiam sobre o seu caixão prestando-lhe uma última homenagem.

Após este primeiro milagre, muitos outros foram atribuídos a Santa Joana Princesa, levando a que, duzentos anos depois, o Papa Inocêncio XII concedesse a beatificação a esta infanta de Portugal.





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quarta-feira, 19 de março de 2008

Acontecimentos no ano de 1489


  • O malogro da Graciosa em Marrocos

Desde o tempo de seu pai, que as 4 praças em Marrocos, estavam reconhecidas desde 1471 por Mulei Xeque, senhor de Arzila, quando assentou pazes com D.Afonso V reconhecendo a posse das quatro praças do norte de Marrocos e seus termos. D. Afonso V acrescentou ao seu título o de "
rei do Algarve dalém mar em África".

Desde a conquista de Ceuta em 1415 que África era um campo de exercício militar, local para onde se mandavam os criminosos em vez de esticarem na forca, mas também os filhos segundos das casas nobres do Reino.

Também convinha a D.João II achar-se na posse dos principais pontos estratégico de modo a impedir pirataria na costa marroquina que assaltavam a nossa navegação vinda da Guiné e até forçando ataques às populações no litoral do Algarve .

A decisão à muito estava planeada, até a respectiva bula papal desde 1486 porém só em 1489, concretamente em Fevereiro que parte uma armada capitaneada por Gaspar Jusarte, para construir uma fortaleza, previamente baptizada de Graciosa, na foz do rio Lucos que banha Larache.

Situada a norte de Arzila era claramente uma ameaça a Alcácer Quibir e a Fez.
Já por si esta iniciativa, era uma clara confrontação com as tréguas acima referidas assinadas em 1471 e que previam a paz pelo menos um prazo de 20 anos, mas não era um caso isolado já que inúmeras refregas tinham acontecido nos anos de anteriores.

Não era portanto a melhor ocasião para o estabelecimento dessa fortaleza e esse também foi o entendimento dos marroquinos que entraram em confronto com as tropas portuguesas que intentavam construir a dita fortaleza.

Chegaram a partir do Algarve reforços em cerca de 20 unidades entre caravelas e outros navios, não chegando contudo a contenda a definir-se para nenhum dos lados, muito embora as baixas fossem bem pesadas, porque o clima local era verdadeiramente doentio.

Mulei Xeque tomou a iniciativa de propor uma paz aos portugueses, que foram posteriormente aceites por D.João II em 27 de Agosto desse mesmo ano

De novo as aventuras de conquista em África, não foram bem sucedidas.

  • O Tratado de Confissom é editado em Chaves e considera-se o mais antigo livro cristão publicado em Portugal
Realmente já 2 anos antes e 30 após o invento de Gutenberg, um judeu de Faro de nome D.Samuel Porteiro, publicara uma edição das escrituras sagradas mas em hebraico o Pentateuco, os 5 livros livros que constituem a Torá.
  • O arquipélago de Cabo Verde é doado por D.João II ao infante D.Manuel, duque de Beja e futuro D.Manuel I.


segunda-feira, 10 de março de 2008

Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã em demanda de Preste João

Nem só a viagem marítima da descoberta, era o objectivo nacional. As viagens e a aventura era o meio para atingir outros fins uma deles a Índia, outro a exploração dessas novas terras de gente negra chamada África.

Nessa África enorme, havia o aliciante de descobrir o Reino do Preste João, cujas primeiras notícias chegaram à Europa em 1145, quando Hugo de Gebel, Bispo de uma colónia cristã no Líbano, informou o Papa da existência de um reino cristão situado "para lá da Pérsia e da Arménia", governado por um rei-sacerdote, que seria descendente de um dos Reis Magos.

Foi esse desafio que D.João II iniciou, quando convocou Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva,para encontrar esse Reino africano cristão.

Munidos das melhores cartas Mapa Mundi, que na época se podiam desenhar servindo-lhes de guia, cartas e crédito e várias oferendas, se fizerem à vida, no que seriam fundamentalmente um trabalho de exploração e de cautelosa espionagem, pelo que partiram discretamente de Santarém a 8 de Maio de 1487.

Entraram em África por Alexandria já disfarçados de mercadores, numa aventura também perigosa mas que no imediato e durante muitos anos não se soube nada desses dois espiões, em Portugal.


quarta-feira, 5 de março de 2008

Bartolomeu Dias dobra o cabo das Tormentas


Em Agosto de 1487 a coroa portuguesa retoma o curso do seu "investimento " pelo seguro, continuando a dar passos do tamanho da perna, não embarcando na aventura de Colombo, baseada também nos conhecimentos científicos adquiridos, nem em qualquer outra aventura menos seguro, como a que Fernando de Ulmo um colono flamengo dos Açores propusera a D.João II, descobrir terras para Ocidente, que o rei autorizou, mas sem dispêndio para a coroa, a expensas do próprio, razão porque não chegou a efectuar-se por falta de fundos.

Como disse em Agosto partiu então uma pequena frota comandada por Bartolomeu Dias, não para hipotéticas terras para Oeste, mas para grandes certezas a Oriente, com o objectivo bem definido de atingir a Índia.

Duas caravelas e um navio de abastecimentos, com Pêro de Alenquer como piloto, Diogo Dias irmão de Bartolomeu ao comando da naveta de abastecimentos e João Infante a comandar a segunda caravela.


A rota começou naturalmente por tocar nos pontos já conhecidos quer os referidos nas experiências de Diogo Cão e na ilha de São Tomé já anteriormente descoberta.


A viagem continuou para Sul, mas ventos fortes obrigam-nos a abandonar a rota costeira e a navegar de largo, terão navegado cerca de 300 léguas, com temporal até que voltaram a fundear numa enseada, onde voltaram a ver negros de cor parda e minguada estatura que pastoreavam rebanhos. (o rigor das anotações de Bartolomeu Dias permitiram um descrição perfeita dos acontecimentos).

Navegaram mais uns dias mas a costa que tinham como referência mudara de orientação, acompanhando a sua navegação para Nordeste.

Pressionado pela tripulação e pelo conselho de oficiais, foi contudo Bartolomeu Dias forçado a voltar para trás e só então visionaram o promontório de aspecto medonho, onde termina a África e que já haviam dobrado na primeira passagem, sem disso terem dado conta.

Cabo das Tormentas chamou-lhe Bartolomeu Dias e da Boa Esperança chamou-lhe o Rei, com a certeza que não haviam chegado à Índia, mas estavam no caminho dela.

Bartolomeu Dias regressou então a Portugal,em Dezembro de 1488,(a viagem havia durado 16 meses e meio) com a maior descrição. D.João II não o galardoou, nem houve na corte qualquer manifestação de regozijo que se reflectisse nas crónicas da época.

Ficou por esclarecer a impassibilidade de D.João II, perante a maior proeza náutica daqueles tempos, que abria o caminho da Índia

Também gostei deste post publicado no Funes